O crescimento do agronegócio global tem revelado diferentes modelos de armazenagem, como expõe o empresário e fundador Aldo Vendramin, esses modelos são capazes de influenciar diretamente a produtividade, qualidade dos grãos e rentabilidade das operações. Compreender como outros países estruturam seus sistemas de estocagem é essencial para orientar investimentos, reduzir perdas e ampliar competitividade no mercado internacional.
Em um cenário onde eficiência logística é tão valiosa quanto produtividade agrícola, observar as estratégias adotadas pelo mundo se tornou uma necessidade estratégica do produtor brasileiro.
Venha então conhecer alguns dos destaques ao redor do mundo e como você, produtor ou investidor, pode implementar algumas dicas no seu negócio!
Por que a armazenagem é o coração da competitividade rural?
Armazenar bem significa proteger o valor da safra, e como destaca o senhor Aldo Vendramin, os maiores desafios do produtor brasileiro continuam sendo perdas pós-colheita, umidade, pragas, falhas na aeração e distância entre as fazendas e os centros de recebimento. Países com alto nível de industrialização agrícola, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, dominam esse processo porque enxergam a armazenagem como etapa estratégica, não apenas como extensão da colheita.

A qualidade do grão armazenado determina:
- preço de venda,
- tempo de negociação,
- capacidade de esperar melhores oportunidades,
- flexibilidade logística,
- e até possibilidade de exportação.
Armazenar mal significa perder margens e reduzir valor de mercado.
Estados Unidos: referência em silos on-farm e gestão integrada
Os EUA são, há décadas, o modelo mais consolidado de armazenagem agrícola do mundo. Conforme Aldo Vendramin, cerca de 70% dos produtores americanos possuem estrutura própria de armazenagem dentro da fazenda (on-farm), o que lhes confere total autonomia comercial.
As principais características do sistema americano incluem:
- silos metálicos com alta capacidade de aeração;
- sistemas automáticos de controle de temperatura e umidade;
- sensores digitais integrados a plataformas de gestão;
- logística interna planejada para trânsito de caminhões e graneleiros;
- forte cultura de manutenção preventiva.
Esse modelo reduz drasticamente perdas pós-colheita e permite ao produtor decidir quando vender, e não ser obrigado a entregar nos momentos de menor preço.
Canadá: excelência em armazenagem para grãos de clima frio
O Canadá possui uma das cadeias de armazenagem mais tecnificadas do mundo, especialmente pelo desafio climático. Baixíssimas temperaturas, longos períodos de neve e variações extremas exigem tecnologias específicas, como:
- silos térmicos com isolamento reforçado;
- sistemas de secagem de alta precisão;
- uso de aeradores potentes para evitar condensação;
- monitoramento remoto via satélite ou rádio frequência.
Segundo o senhor Aldo Vendramin, o produtor brasileiro pode utilizar de exemplo o Canadá em como proteger grãos em condições de clima adverso, especialmente nas regiões onde a umidade é elevada ou as chuvas são prolongadas.
Austrália: armazenagem flexível e adaptada ao transporte ferroviário
A Austrália combina grandes distâncias geográficas com um dos sistemas logísticos mais eficientes do agronegócio mundial. O país investe fortemente em:
- armazéns horizontais (barracões) com piso vedado;
- unidades de recepção ligadas diretamente a ferrovias;
- silos comunitários que atendem várias fazendas;
- estruturas modulares que podem ser montadas e desmontadas conforme a região.
O modelo australiano é uma inspiração para o Brasil em regiões onde a logística ainda é um gargalo, reforçando a importância da integração entre armazenagem, transporte e escoamento.
Europa: sustentabilidade e rastreabilidade como pilares
Na Europa, o foco das estruturas de armazenagem é a conformidade ambiental. De acordo com Aldo Vendramin, países como França e Alemanha estão anos à frente em rastreabilidade, padronização e sistemas de controle de resíduos.
Entre as principais características estão:
- coleta automatizada de dados;
- certificados de boas práticas sustentáveis;
- sistemas de remontagem que reduzem emissão de CO₂;
- processos rigorosos de controle de micotoxinas.
Esse modelo mostra a direção do mercado internacional: produzir com responsabilidade ambiental e comprovar cada etapa da cadeia produtiva.
Brasil: avanços importantes, desafios persistentes
O Brasil é um gigante agrícola, mas ainda tem carências estruturais, visto que a capacidade de armazenagem não acompanha o volume crescente das safras, o que obriga muitos produtores a vender rapidamente, perdendo poder de barganha.
Por outro lado, o país tem avançado:
- aumento de silos on-farm em propriedades médias;
- interesse crescente em secadores automáticos;
- modernização de armazéns cooperativos;
- adoção de sensores digitais e aplicativos de monitoramento.
E tal como evidencia o senhor Aldo Vendramin, o Brasil está no caminho certo, mas ainda precisa investir mais em:
- expansão da capacidade privada,
- treinamentos técnicos,
- melhorias em estradas rurais,
- incentivos à armazenagem dentro da fazenda.
O que o produtor brasileiro pode aprender com o mundo?
Ao observar os modelos internacionais, algumas lições se tornam claras:
1. Autonomia comercial é poder: Ter armazenagem própria permite vender na melhor janela e evita pressão de mercado.
2. Monitoramento constante evita perdas invisíveis: Temperatura, umidade e pragas exigem acompanhamento diário.
3. Logística integrada eleva a eficiência: Estruturas mal posicionadas criam gargalos no escoamento e aumentam custos.
4. Sustentabilidade já é um requisito: Consumidores globais querem produtos rastreáveis, limpos e certificados.
5. Tecnologia não é luxo, é necessidade: Sensores, softwares e automação reduzem riscos e aumentam margens.
Aprender com o mundo para competir melhor
Como elucida o empresário Aldo Vendramin, estudar as culturas internacionais de armazenagem ajuda o produtor brasileiro a planejar investimentos mais inteligentes, reduzir perdas e aumentar sua autonomia. O mundo oferece modelos sólidos, diversificados e aplicáveis à realidade nacional.
Armazenar é proteger o valor da safra, e entender como o mundo faz isso é o primeiro passo para transformar conhecimento em resultado dentro da porteira. Ao investir em nossas necessidades e individualidades obtemos um negócio que irá prosperar com longevidade.
Autor: Octávio Puilslag Pereira