O setor agropecuário do Ceará traçou uma meta ambiciosa para os próximos cinco anos: dobrar o volume das exportações do agro cearense e alcançar a marca de US$ 1 bilhão. Atualmente, as vendas externas giram em torno de US$ 500 milhões e incluem produtos tradicionais como cera de carnaúba, castanha de caju, frutas, flores, pescados, camarão e carnes de frango e boi. Para concretizar esse plano, lideranças do setor acreditam que será fundamental apostar em estratégias como a irrigação de larga escala e a internacionalização das operações por meio de parcerias institucionais com órgãos federais e internacionais.
A proposta de dobrar as exportações do agro cearense parte do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará, Amílcar Silveira, com forte apoio de empresários influentes do setor como Cristiano Maia, da Camarão BR, e Marden Vasconcelos, da Tijuca Alimentos. A ideia é enfrentar o desafio histórico da dependência das chuvas com a irrigação eficiente, especialmente nos perímetros irrigados que hoje são subutilizados e administrados de forma pouco eficaz. A expectativa é que, com a iniciativa privada assumindo a gestão dessas áreas, a produção ganhe em produtividade, qualidade e competitividade no mercado externo.
Hoje, os perímetros irrigados sob responsabilidade do Dnocs ocupam apenas um terço de sua capacidade. Isso resulta em desperdício de água e energia, além de uma produção de baixo retorno financeiro. A proposta da Federação é que a gestão seja transferida com urgência para empresários do setor, que poderão utilizar tecnologias avançadas para transformar essas áreas em polos produtivos modernos e voltados para o comércio exterior. Essa mudança é vista como essencial para que o agro cearense atinja a meta de US$ 1 bilhão em exportações até 2030.
Outra frente importante na estratégia para aumentar as exportações do agro cearense é a conexão com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com a Confederação Nacional da Agricultura. Por meio dos programas Agro Exportador e Agro BR, o setor contará com estruturas internacionais em países estratégicos como China, Singapura e Emirados Árabes Unidos. O agro cearense pretende utilizar esses canais para promover seus produtos no mercado internacional e atrair novos compradores, garantindo maior presença do Ceará no comércio global de alimentos e insumos agroindustriais.
Um dos exemplos mais promissores de adesão ao plano de expansão do agro cearense é a Itaueira Agropecuária, que está retomando a produção de melão no Ceará. A empresa já conta com clientela fiel na Europa, especialmente no Reino Unido, e planeja ampliar suas exportações a partir de setembro. A expectativa é que, em pouco tempo, a Itaueira se torne uma das maiores exportadoras do estado e contribua significativamente para o avanço rumo à meta de US$ 1 bilhão em vendas externas. O apoio de empresas como essa é considerado vital para o sucesso da estratégia de internacionalização do agro cearense.
Além das frutas, o Ceará também aposta no camarão como produto de destaque nas exportações. O estado é responsável por aproximadamente 60 por cento da produção nacional e lidera o segmento com empresas como a Camarões Samaria. O presidente da Camarão BR acompanha de perto as tratativas com o governo do Reino Unido para que o país europeu passe a importar camarão brasileiro. A autorização abriria um mercado altamente lucrativo e fortaleceria ainda mais o agro cearense como um player relevante no mercado global de pescados e frutos do mar.
Outro produto que está ganhando atenção no planejamento do setor é o gergelim. Segundo especialistas, o agro cearense tem todas as condições de produzir o grão em grande escala graças à viabilidade da irrigação em diferentes regiões do estado. A Federação da Agricultura já negocia com trades internacionais interessadas na compra do produto, especialmente nos Emirados Árabes Unidos. O cultivo do gergelim pode se tornar uma nova fonte de receita significativa e diversificar ainda mais o portfólio de exportações do agro cearense.
Enquanto isso, empresas locais como a Fertsan, com sede em Fortaleza, também contribuem para o fortalecimento do agro cearense com inovações em biotecnologia. A empresa lançará uma nova linha de fertilizantes fisiológicos durante a Pecnordeste, feira agropecuária que acontece no Centro de Eventos do Ceará. Os produtos têm base natural e são voltados para o aumento da produtividade de plantas ornamentais, gramados e pastagens. Com soluções sustentáveis e tecnologia de ponta, a Fertsan fortalece o ecossistema de inovação que pode transformar o Ceará em referência nacional e internacional em produção agroindustrial de alta qualidade.
Autor: Octávio Puilslag Pereira